oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/11/01/rei-charles-iii-visita-o-quenia-onde-elizabeth-ii-se-tornou-rainha-e-e-questionado-sobre-passado-colonial.ghtml
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Há sete décadas, ele acompanhou com os rebeldes Mau Mau na montanha e suas florestas, enfrentando a chuva gelada, leões e elefantes. Mwangi foi alvejado duas vezes pelas tropas britânicas, disse ele, e quase morreu. Quando as forças coloniais o prenderam, ele conta que foi torturado e condenado a dois anos de trabalhos forçados. — As forças britânicas foram muito duras conosco. Foram terríveis — disse Mwangi, que serviu diretamente ao líder histórico do levante, Dedan Kimathi. — Agora queremos um pedido de desculpas e dinheiro pelo que eles fizeram. O passado colonial sombrio do Quênia foi muito lembrado quando o rei Charles III iniciou oficialmente uma viagem de quatro dias pela nação da África Oriental na terça-feira. É sua primeira visita de Estado a um membro do grupo de nações da Comunidade Britânica desde que foi coroado no ano passado, e a primeira a um país africano. Charles e a rainha Camilla chegaram em um Quênia onde muitas comunidades ainda lutam contra a dor e a perda que sofreram durante décadas de domínio colonial britânico, que durou de 1895 a 1963. O rei está sob pressão de grupos de direitos humanos, anciãos e ativistas para corrigir injustiças históricas, pedir desculpas e pagar reparações àqueles que foram torturados e removidos de suas terras ancestrais. Em um discurso em um jantar de Estado na noite de terça-feira, Charles III não ofereceu desculpas ou reparações diretas, mas disse: — Os erros do passado são causa da maior tristeza e do mais profundo arrependimento. Houve atos de violência abomináveis e injustificáveis cometidos contra os quenianos — disse o monarca. — E para isso, não há desculpa. Ao voltar ao Quênia, é muito importante para mim aprofundar minha própria compreensão desses erros e conhecer algumas das pessoas cujas vidas e comunidades foram tão gravemente afetadas. A família do rei tem uma estreita ligação com o Quênia. Sua mãe, a rainha Elizabeth II, estava visitando o Treetops Game Lodge em 1952 quando soube que seu pai havia morrido e que ela o sucederia como monarca. Naquele ano, o Reino Unido lançou uma campanha sangrenta de oito anos para esmagar o movimento de independência do Quênia, liderado pelos rebeldes Mau Mau. O presidente do Quênia, William Ruto, sorriu ao acompanhar Charles e Camilla na residência oficial para o jantar e, em seu discurso, elogiou Charles por sua "coragem exemplar e disposição para esclarecer verdades incômodas que residem nas regiões mais sombrias de nossa experiência compartilhada". Ruto chamou isso de um "primeiro passo encorajador", mas acrescentou: — Embora tenha havido esforços para expiar a morte, os ferimentos e o sofrimento infligidos aos africanos quenianos pelo governo colonial, ainda há muito a ser feito para obter reparações completas. O rei enfrenta uma geração mais jovem de quenianos, alguns apáticos e outros receptivos, mas muitos que desdenham da monarquia depois de conhecer seu legado sombrio e cruel. Muitos quenianos observaram atentamente como outras ex-colônias britânicas, como Barbados, romperam os laços com a monarquia ou estão pensando em fazê-lo, assim como a Jamaica. O Quênia é uma república, e Charles III não tem nenhuma função governamental oficial, mas o país pertence à Comunidade Britânica, presidida pelo rei. A Comunidade Britânica, que compreende 56 nações em cinco continentes, nasceu das brasas do Império Britânico.
O Reino Unido nunca se desculpou diretamente por seus abusos no Quênia, mas expressou arrependimento por eles. Após uma ação judicial, o país europeu pagou cerca de 20 milhões de libras (R$ 122 milhões milhões) há uma década a mais de 5 mil pessoas que sofreram abusos durante a revolta dos Mau Mau. Mwangi não estava entre elas. — Há muita dor e danos que não foram reconhecidos e com os quais eles se recusam a lidar — disse Aleya Kassam, escritora queniana e co-fundadora da LAM Sisterhood, que produz peças de teatro, podcasts e musicais sobre pautas sociais. — Acho que ele não deveria se sentir confortável em vir aqui. Mas para Charles III, a viagem é uma oportunidade de reforçar o relacionamento do Reino Unido com o Quênia, um importante aliado econômico e militar em uma região turbulenta. Defensor do meio ambiente por toda a vida, Charles III visitará o Parque Nacional de Nairóbi e participará de um evento em comemoração à vida da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Wangari Maathai, na Floresta Karura, que ela ajudou a salvar antes de morrer em 2011.
Cerimônia, transmitida pela televisão, atrai multidão ao redor do Palácio de Buckingham Wanjira Mathai, filha de Maathai e ativista ambiental que se encontrará com o rei nessa visita, disse: — Eu admiro a forma como ele tem alavancado sua influência e seu apoio em questões de sustentabilidade e meio ambiente há décadas, e isso precisa ser reconhecido. Mathai disse que Charles e sua mãe eram amigos íntimos que passavam horas conversando em conferências ou tomando chá em seu escritório sobre sustentabilidade ambiental.
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Lrx
Rei Charles III visited Kenya, where his mother, Queen Elizabeth II, became queen, and faced questions about the country's colonial past. Many Kenyan communities still struggle with the pain and loss caused by British colonial rule. Activists and human rights groups are pressuring the king to apologize and provide reparations to those who were tortured and displaced from their ancestral lands. While Charles did not offer direct apologies or reparations, he expressed deep regret for the past and a desire to understand the impact on the lives of those affected. The visit is an opportunity to strengthen UK-Kenya relations.
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